Saturday, December 31, 2005

Químico I- O mico

Saudosas aulas de Química II com o professor Riveros! Apesar de todas as penúrias a que estavam submetidos os McQuarries, as aulas de Química II eram das poucas em que a maioria deles podia se dar um conforto de aprender sem sofrer. O próprio didatismo de Riveros contribuia fortemente para isso. Este fantástico professor sempre expunha aulas claras e objetivas e, quando o conteúdo apresentado possuia uma complexidade um pouco maior, Riveros conscientemente dizia "Eeee... eee... eee...", dando assim tempo para que seus alunos digerissem a informação. Dessa forma, o que para um aluno mais desatento poderia representar um sinal de esquecimento devido à idade avançada, para os McQuarries, que sabiam da verdadeira intenção do professor, este era um ultramoderno método pedagógico.
Nosso conto versa sobre uma aula deste magnífico professor. Antes de partir para a história em si, é importate saber que apesar da alta qualidade docente e da disciplina de Química II ser a mais tranqüila do segundo semestre, ela também exigia suor e sangue dos McQuarries. E tudo se passou numa manhã, mais especificamente num intervalo de uma aula de Química. Alguns McQuarries, entre eles o Químico, ainda estavam na sala conversando, enquanto alguns outros alunos, inclusive o professor Riveros haviam saído. Naquele dia em particular Químico estava revoltado. Não agüentava mais as pressões do curso e suas críticas naquele momento se voltavam para a matéria de Química. O Químico falava abertamente sobre o absurdo das listas de exercícios, fazendo críticas claras ao professor. Quando o seu discurso estava no auge, Riveros entrou na sala. Para infelicidade do Químico, ele estava de costas para a porta e portanto não viu o professor entrar. Químico continuou o seu discurso, usando de toda a sua eloqüência, até que inevitavelmente ele percebeu a presença de Riveros...
E é por isso que depois deste episódio, cogitou-se fortemente em mudar o nome de Químico para Qui Mico.

Sunday, December 25, 2005

Gustavo I- A velhinha tarada

Nosso amigo Gustavo estava numa festa, mais precisamente no que se costuma chamar de balada. Dentre todos os integrantes da festa uma chamava especial atenção. Era uma velhinha que, apesar da idade, dançava com desenvoltura. Achando a situação curiosa, mas sem dar atenção exagerada a este fato, Gustavo estava também dançando na pista, mostrando que além de seus dotes como cantor, sabia dançar como ninguém. Utilizando-se de todas as suas poses de karatê-kid aprendidas com o mestre Miyagi, Gustavo esbanjava agilidade e técnica. Estava a festa neste rumo, cada uma das pessoas atuando como uma partícula de um gás perfeito, ocupando todo o espaço da pista até que a velhinha se aproximou aleatoriamente de Gustavo. E exatamente neste instante a energia elétrica do local acabou. A música parou de tocar e uma enorme escuridão se apossava de tudo. Pouco era possível enxergar e apenas objetos a alguns palmos diante dos próprios olhos eram visíveis. Para a sorte de nossa história, Gustavo estava perigosamente perto do ocorrido e pôde relatar o caso. Aproveitando-se da escuridão quase total, a velhinha esticou o braço e agarrou com firmeza o saco escrotal de um indivíduo que estava justamente ao lado de Gustavo. Apertando com força, ela disse:
_Quem é?
Não houve resposta. A velhinha então apertou com mais força e repetiu:
_Quem é?
Novamente silêncio. Não se conformando, a velhinha passou a apertar com todas as suas forças o saco do infeliz indivíduo. Era possível até ver as veias se sobressaindo do braço da velhinha, assim como os seus dentes rangendo.
_Quem é?
Uma voz então quase inaudível veio do rapaz:
_O João...
_Que João?
E este respondeu com uma voz ainda mais fraca:
_O mudinho!

Tuesday, December 20, 2005

Thiago I- A pizza

O Thiago é um daqueles caras que não se encontra em qualquer lugar. É o sujeito que vai em poucas festas, está sempre na dele, mas quando diz alguma coisa dificilmente passa despercebido, como se aquela sua fala fosse justamente para compensar todo o tempo em que ficou calado. É do tipo que quando queremos contar alguma história sobre ele, não podemos inventariar nenhum fato, sob o risco de piorar o conto. Como o título indica, é sobre ele a nossa atual história.
Estava o nosso amigo Thiago com mais alguns outros McQuarries, passando a noite no campo de concentração da Ciências Moleculares, a estudarem álgebra linear. Como bons McQuarries eles passavam todo o tempo de suas vidas a estudar, mais e mais, até o completo esgotamento. O próprio Thiago tinha o costume de dormir durante a noite das terças-feiras, mas o ferrenho ritmo de estudos o fez muitas vezes abrir concessões a esse respeito. E lá estavam os McQuarries, preparados a passar a noite em claro mais um vez, quando então bateu a fome. Terríveis limitações do ser humano! Comer e dormir! Quanto tempo de suas vidas os McQuarries deixaram de estudar para atenderem as suas necessidades mais primitivas?
Suportando corajosamente o sono e a fadiga, mas incapazes de suportarem por mais tempo a fome, foi decidido que seria pedida uma pizza. Quem pediria? Por unanimidade o escolhido foi Madruga. Qual pizza? A sugestão foi uma de quatro queijos. Pois bem, Madruga foi até outra sala, onde estava localizado o telefone para fazer o pedido. Ao voltar, ele veio com o seguinte comentário:
_Olha, a mulher que me atendeu disse que tinha uma pizza de cinco queijos e então eu pedi essa.
Ao ouvir aquilo, Thiago não se conteve com a ingenuidade de seu amigo:
_ Madruga, você perguntou pra ela se a pizza era LI? Porque se for LD então ela te enganou!

Friday, December 02, 2005

Silva I- A dicção

Segundo semestre do ano de 2002. Aula de CCM111- Biologia I, que corresponde na verdade à disciplina de Bioquímica. As aulas de bioquímica eram sempre ministradas pelo professor Bechara, exímio conhecedor do idioma becharês. No entanto, o professor Bechara muitas vezes dava oportunidades para que os seus alunos McQuarries fizessem seminários. Aqueles que gostaram da proposta de trabalho adicional prontamente se voluntariaram para fazer tais seminários. E este foi o caso da nossa querida amiga Sílvia.
Pois bem, estava Sílvia dando o seu seminário. Um seminário de bioquímica, nada mais. Não se podia dizer que aquele era um seminário inesquecível, que primava pela habilidade ímpar da palestrante, mas também seria injusto afirmar que era uma apresentação ruim. Enfim, era tipicamente um daqueles seminários que se enquadravam exatamente na média.
Ao terminar a sua apresentação, Sílvia deixou espaço para que o ilustríssimo professor Bechara deixasse as suas impressões sobre o seminário. Falando um Becharês de dar inveja a qualquer bom falante da língua, Bechara disse algumas de suas opiniões sobre a aula, todas de cunho sobre o conteúdo apresentado. Por fim, querendo auxiliar sua aluna em suas futuras palestras, disse: " Ô Silva, sinto lhi infomá mas você tem um poblema de dicção!" E Bechara continuou, aconselhando-a a treinar sua dicção diariamente, para que assim, algum dia, viesse a falar um Becharês digno de nota.
A partir desse dia, Sílvia decidiu mudar o seu nome para Silva, adotando a correta gramática do Becharês. Além disso, ela treina arduamente todos os dias a sua dicção, almejando com isso que futuramente possa falar de forma tão perfeita quanto o seu querido mestre.